quarta-feira, 4 de maio de 2011

AS CHUVAS E NOSSAS ENCHENTES.

Editorial; Dr.Nicias Ribeiro - Secretário de Energia, Governo Jatene.

Se olharmos o mapa do Brasil detidamente, veremos que os rios Tocantins, Xingu e Tapajós, que atravessam longitudinalmente o Pará e deságuam no rio Amazonas, nascem no planalto central, juntamente com os seus grandes afluentes, que são, obviamente, os seus grandes tributários. Aliás, é digno de registro o caudaloso rio Araguaia, que é o maior tributário direito do Tocantins; como o poderoso rio Irirí que é o maior tributário esquerdo do Xingu; e o rio Teles Pires, que é o grande tributário do Tapajós. E é essa configuração geográfica que precisa ser ensinada nas escolas, até mesmo para que as nossas crianças entendam o porquê de o Pará ter o maior potencial hidrelétrico do Brasil e seguramente um dos maiores do mundo; bem como o porquê das enchentes dos nossos rios desalojar em inúmeras famílias todos os anos.

Na verdade, tudo começa no final de setembro quando caem as primeiras chuvas no planalto central e que, de imediato, embebedam aquela terra seca e aumentam a umidade. Depois, conforme aumenta a precipitação atmosférica e com isso o índice pluviométrico, as águas seguem para os córregos que deságuam nos igarapés, que por sua vez deságuam nos rios que seguem longitudinalmente em direção ao Norte. E essas águas das chuvas de setembro/outubro, que caíram no planalto, viajam por essa rede hidrográfica até chegarem a Tucuruí, no Tocantins, a Altamira no Xingu e em Itaituba no Tapajós, por volta do mês de dezembro, tempo em que começam a ocorrer as primeiras chuvas do inverno amazônico. Por outro lado, é em dezembro que inicia o degelo da Cordilheira dos Andes e as águas, dele decor rente, descem as encostas e deságuam no alto rio Amazonas, que, por aquelas paragens, é conhecido por rio Solimões.

Que coincidência fantástica. O degelo da Cordilheira dos Andes começa em dezembro, mês em que as águas das chuvas do planalto chegam à região, no mesmo tempo em que começa o inverno amazônico e dessa forma os igarapés, rios e riachos passam acolaborar com o aumento do volume das águas dos rios Tocantins, Xingu e Tapajós, que, a cada dia, aumentam de volume.

Mas nesse tempo, ainda, não há enchentes. O Amazonas ainda tem pouca água. No entanto, quando o Amazonas encher, em toda a sua plenitude, as suas águas passam a represar todos os rios que lhe são afluentes. E como estes não tem para onde desaguar, o jeito é inundar as suas margens invadindo cidades e desalojando seus habitantes, principalmente os que moram nas suas margens.

No que se refere ao Amazonas, especificamente, é evidente que ele transborda também porque na sua foz situa-se o arquipélago do Marajó, que, obviamente, dificulta o seu desaguar no Atlântico e as suas águas, por não ter para onde ir, invadem, também, as suas margens, inundando tudo e formando grandes lagos, refertilizando as suas várzeas com o húmus que é rico em nitrogênio, cálcio, potássio e fósforo, graças à mistura de terra, esterco, folhas secas, cascas de frutas e de peixe morto. Aliás, os peixes que morrem no período da estiagem, por falta de oxigênio na água e que foi notícia de televisão no ano passado, enriquecem ainda mais o húmus do Amazonas.

Agora, a partir de maio, a intensidade das chuvas vai diminuir na região Norte. E como também não chove no planalto central, as águas dos nossos rios vão baixar até o clímax da estiagem que é em outubro e novembro, quando começa a chover novamente no planalto central e tudo se repete novamente.

Como se vê, o amazônida nativo não se assusta com as enchentes. Pelo contrário. Ele convive com elas tranquilamente, a cada ano, até porque sabe da sua importância para o ciclo da vida. Por outro lado, é esse conjunto de fatores que dá ao Pará a primazia de ser o único estado da região Norte que possui este fabuloso potencial hidrelétrico, exatamente porque os seus grandes rios, como o Tocantins, Xingu e Tapajós, e os seus grandes tributários, nascem no planalto central. E as águas das chuvas que lá caem a partir de outubro ganham volume e velocidade de queda até chegarem à planície, estabelecendo, assim, as condições necessárias para a existência desse fantástico potencial hidrelétrico que só o Pará tem e que precisa ser aproveitado em favor do seu povo.

Toda quarta - feira, o Secretário de Energia do Governo Jatene, escreve para esse blog do Isaias Filho, Dr. Nicias Ribeiro, Engenheiro Eletrônico

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