COM LULA SIM, COM A ANA JÚLIA NUNCA MAIS
Presidente municipal do PMDB, o ex-deputado federal José Priante ensaia uma rebelião: garante que não apóia, de jeito nenhum, a reeleição da governadora Ana Júlia Carepa, mesmo que o PMDB feche questão em torno dela, no ano que vem.“Se isso acontecer, vou cuidar da minha candidatura”, afirma. E não diz nem que sim, nem que não acerca da possibilidade de até subir no palanque adversário.Priante está convicto, porém, que o PMDB não voltará a apoiar a atual governadora.Falta ao governo dela, afirma, visão estratégica, capacidade de gestão, jogo de cintura para se relacionar com os aliados - e até obras, “rosto” e popularidade.O atual governo, em suma, “instalou uma fase de profunda mediocridade” e está “afundando o estado do Pará” – diz ele.Advogado, 45 anos, Priante é apontando como um dos principais responsáveis pela vitória de Ana Júlia: foi a candidatura dele ao Governo do Estado, em 2006, que empurrou a eleição para o segundo turno, quando, enfim, petistas e peemedebistas se uniram, para por fim a 12 anos de tucanato.A candidatura ao Governo do Estado, em 2006, interrompeu um ciclo de 18 anos consecutivos de mandatos eletivos – ele foi vereador, deputado estadual e três vezes deputado federal.E foi curtindo a “dor e a delícia” dessa experiência de “sem-mandato” que Priante recebeu o Blog do Vic para a seguinte entrevista:
Presidente municipal do PMDB, o ex-deputado federal José Priante ensaia uma rebelião: garante que não apóia, de jeito nenhum, a reeleição da governadora Ana Júlia Carepa, mesmo que o PMDB feche questão em torno dela, no ano que vem.“Se isso acontecer, vou cuidar da minha candidatura”, afirma. E não diz nem que sim, nem que não acerca da possibilidade de até subir no palanque adversário.Priante está convicto, porém, que o PMDB não voltará a apoiar a atual governadora.Falta ao governo dela, afirma, visão estratégica, capacidade de gestão, jogo de cintura para se relacionar com os aliados - e até obras, “rosto” e popularidade.O atual governo, em suma, “instalou uma fase de profunda mediocridade” e está “afundando o estado do Pará” – diz ele.Advogado, 45 anos, Priante é apontando como um dos principais responsáveis pela vitória de Ana Júlia: foi a candidatura dele ao Governo do Estado, em 2006, que empurrou a eleição para o segundo turno, quando, enfim, petistas e peemedebistas se uniram, para por fim a 12 anos de tucanato.A candidatura ao Governo do Estado, em 2006, interrompeu um ciclo de 18 anos consecutivos de mandatos eletivos – ele foi vereador, deputado estadual e três vezes deputado federal.E foi curtindo a “dor e a delícia” dessa experiência de “sem-mandato” que Priante recebeu o Blog do Vic para a seguinte entrevista:
O senhor já decidiu a que vai se candidatar no ano que vem?Priante: Estou trabalhando para a minha candidatura a deputado federal, mas não descarto a possibilidade de disputar um cargo majoritário.O Governo do Estado?Priante: O Governo do Estado, o Senado... Mas me animo muito com o Governo do Estado, porque acho que o Pará precisa debater, de forma mais aprofundada, essa coisa do governo. Acho que o Pará vive um momento muito difícil.Por quê?Priante: Porque o Governo do Estado é um governo de baixíssima popularidade e que não tem realizações, obras, cara... É um governo que não consegue acertar o passo; que não consegue ter uma boa relação política com os aliados; que frustra a expectativa do propósito da eleição dele.“Há uma coincidência entre os percentuais da Ana Júlia e do Lula: o que o Lula tem de aprovação, a Ana Júlia tem de rejeição”.O senhor está decepcionado com a governadora Ana Júlia?Priante: Eu estou decepcionado com o governo; não tenho qualquer expectativa em torno da Ana Júlia. Acho que o governo vai muito mal. O governo instalou uma fase de profunda mediocridade em suas ações. E isso frustra não só a mim, mas, a toda a opinião pública, que teve uma expectativa extraordinária. A Ana Júlia foi eleita em cima de um espírito de mudança; todos nós acreditamos nisso. E acreditamos que essa mudança seria para melhor; seria uma mudança que, a exemplo do governo Lula – esse sim um governo de realizações, de obras, de conquistas sociais – poderia implementar políticas nesse mesmo vetor. Quer dizer, buscando a transformação social do estado, tendo capacidade de gestão econômica para otimizar as nossas vocações. Mas, não é isso que acontece.O senhor acha que o Pará mudou para pior?Priante: Com certeza; a administração atual frustra todas as expectativas. Em todas as pesquisas, há uma coincidência entre os percentuais dela (Ana Júlia) e do Lula: o que o Lula tem de aprovação, a Ana Júlia tem de rejeição. Ou seja, a mesma gente que aprova o governo Lula, reprova o governo da Ana Júlia.O senhor não fala isso por um bocado de “dor- de- cotovelo”, por não ter sido apoiado por ela para a Prefeitura de Belém?Priante: Não tenho “dor- de- cotovelo” pelo apoio da Ana Júlia, até porque ela era – e continua sendo – uma péssima eleitora, devido a todo esse desgaste do governo dela. Eu me ressinto e decepciono profundamente não em função do seu apoio, mas, em face de ela ter apoiado o meu adversário.O senhor acha que foi traído por ela?Priante: Eu acho que ela... Eu não fui traído por ela. Acho que eu fui... Eu fui, vamos dizer – vamos encontrar a palavra certa... Eu fui... Eu tenho uma profunda decepção com relação ao governo da Ana Júlia, à postura da Ana Júlia. Porque - não sei se fui ingênuo na minha expectativa - eu imaginei que ela pudesse fazer um bom governo; ter uma boa relação política. Mas a lógica da Ana Júlia é uma lógica que eu não compreendo. Acho que ela faz uma política ao avesso da lógica que está à vista, muito próximo, está muito transparente. Por exemplo, a relação dela com o Duciomar sempre foi de disputa. Quem não se lembra da disputa dos amarelos contra os vermelhos? Foi uma eleição em que ela perdeu a Prefeitura de Belém para o Duciomar, e na qual ela era a candidata do poder municipal e, o Duciomar, o candidato do poder estadual. Se tivemos esse embate... E, aliás, a minha candidatura surpreendeu a todos; foi uma candidatura muito difícil, porque ficou incrustada entre várias forças políticas: o Duciomar, o candidato do poder municipal, o candidato que abusou profundamente da máquina pública para se reeleger; a Valéria, uma nova liderança que, de certa forma, encarnava todo o tucanato e, portanto, era uma coisa muito recente, após toda uma era dos tucanos e ela incorporava essa herança dos tucanos na cidade, e eles tinham discurso, realizaram obras; e, por outro lado, uma terceira candidatura, que era a do PT, no calor do Governo do Estado. Então, à medida que a minha candidatura conseguiu chegar ao segundo turno... O peso do fator surpresa, diante de todo esse tabuleiro político que foi colocado, foi muito grande.O senhor não esperava chegar ao segundo turno?Priante: Claro que eu esperava!... O que eu não esperava era a vitória do Duciomar. Nem o apoio da Ana Júlia ao Duciomar.O senhor acha, então, que o apoio dela foi decisivo para isso?Priante: Acho que sim. A Ana Júlia deu o calor governamental ao Duciomar. Talvez ela não tenha procurado saber o que o Duciomar fez com os R$ 20 milhões que ela passou para a prefeitura naquela época... Talvez, se a Auditoria Geral do Estado pudesse adentrar nas contas municipais para saber o que a Prefeitura fez com o dinheiro do Estado, que foi repassado naquele momento, tivéssemos algumas revelações interessantes...Na sua opinião, por que a Ana Júlia preferiu apoiar o Duciomar ao senhor?Priante: É a lógica do avesso, não compreendo bem essa lógica... Mas acho que eles vão fazer uma dupla muito interessante, no palanque, na próxima eleição - a Ana Júlia e o Duciomar... Devido à imensa popularidade de ambos, será uma dupla imbatível... (risos).Muita gente diz que essa rejeição da Ana Júlia e muitos dos escândalos do governo se devem ao PMDB. O PMDB seria “a banda podre” do governo. É assim?Priante: Nunca ouvi essa história e não compreendo a coisa dessa forma. Acho que o PMDB cumpriu seu papel: fui candidato a governador - e sabe-se que tinha uma reeleição certa a deputado federal. Não imaginava, àquela altura... A vida nos remete a algumas surpresas, né? Ela é feita de erros e acertos; apostas certas e apostas erradas. Fui candidato a governador e muita gente imagina que minha candidatura foi uma coisa engendrada por conta da imposição de fulano de tal... Não foi nada disso!... Eu tinha, naquele momento, uma intuição política profunda de que estava em fase de esgotamento o ciclo do ex-governador Almir Gabriel. Então, se isso era uma verdade que eu tinha, pela experiência política de quase vinte anos de mandatos, eu disse: ora, se não é ele (Almir Gabriel) quem vai ganhar, vai ter de ser ou eu ou a Ana Júlia. Participei do embate exatamente com esse espírito.“Se a AGE pudesse verificar o que a Prefeitura fez com os R$ 20 milhões repassados pelo Governo do Estado, na época da campanha, teríamos revelações muito interessantes”.Quem eram esses familiares?Priante: Prefiro não declinar nomes...Mas eram irmãos dela?Priante: Familiares, tá certo?E qual era o tipo de interesse?Priante: Interesses... Estavam muito interessados no... no nível de saúde pública do estado, tá certo? E começaram a fazer pressões por todos os... os acessos da secretaria.Para obrigar a contratação de determinadas empresas?Priante: E aí o que aconteceu...Mas era isso?Priante: Eu prefiro não entrar em detalhes... Eu não aceitei e fiz reclamações à governadora, àquela altura... Cheguei a pedir que todos os dirigentes, inclusive o secretário, entregassem o lugar. Isso foi feito, naquele momento, e aí tudo foi, vamos dizer assim, colocado em fogo brando. E, poucos dias depois, a governadora protagonizou uma demissão em massa dos diretores da secretaria, mas permanecendo com o secretário.Mas, o que se diz é que o seu grupo saiu da Sespa porque havia esquemas de corrupção lá dentro... É verdade? Priante: Mas que esquema? Qual esquema? E quem diz isso?A própria AGE (Auditoria Geral do Estado) teria encontrado irregularidades na área da Saúde...Priante: Eu nunca soube disso, de irregularidades, de nada!... O que eu sei é isso que eu estou lhe colocando. Agora, a Sespa sempre foi muito polêmica, não é?... Vem de administrações diversas, não é?, uma série de denúncias e tal... Eu te confesso, hoje, que tenho uma frustração muito grande na indicação que fiz do Halmélio (Halmélio Sobral, o primeiro secretário de Saúde do atual governo). Fiquei na condição de um técnico de futebol que escala o jogador e quando quer tirar...Mas a Sespa foi entregue ao seu grupo, não exatamente ao PMDB, não é?Priante: Pois é, mas essa coisa de grupo é complicada: eu não sou do PMDB? Eu indiquei os dirigentes da secretaria.Mas o deputado Jader Barbalho não queria uma vitrine como a Sespa, não é? Ou ele queria, também?Priante: Isso eu não sei – se ele queria ou não queria. Acho que o melhor dos propósitos era fazer uma política em harmonia, que pudesse melhorar a qualidade da saúde do estado. Talvez a boa relação com um ministério que é ocupado por um ministro do PMDB... Isso tudo poderiam ser ingredientes políticos que poderiam facilitar a boa gestão da Saúde.É verdade que o senhor só não assumiu a Sespa porque estava à espera de assumir o Ministério dos Transportes?Priante: (risos). Eu não assumi a Sespa... Eu não assumi uma secretaria no governo da Ana Júlia, verdadeiramente, porque não quis. E acho que acertei de não ter assumido... Na verdade, aquele momento foi um momento em que me foi criada uma expectativa de ocupação de um cargo a nível federal. Inclusive o próprio presidente Lula chegou a sinalizar que iria precisar de mim. E eu realmente fiquei nessa expectativa.Esse ministério seria pelo apoio que o senhor deu, no segundo turno, à Ana Júlia?Priante: Não, não seria exclusivamente por conta do apoio à Ana Júlia, no segundo turno - seria por conta da relação, dos espaços do PMDB a nível nacional. Vamos fazer uma somatória de fatores: o presidente Lula gostaria que eu assumisse, e o PMDB tinha os seus espaços. E, por desencontros diversos da vida política, acabei não assumindo absolutamente nada. Não me ressinto disso, porque acho que essa coisa me fez bem politicamente... Estar afastado... Já fazia quase vinte anos que tinha mandatos consecutivos como parlamentar... Eu pensei que sabia muita coisa nesses 20 anos de atividade pública direta, como parlamentar. Mas acho que aprendi mais, nesses dois anos e meio, com todos esses desencontros que a política do Pará me reservou.É verdade que o PT segurava as verbas da Saúde para vocês não poderem trabalhar?Priante: Eu gosto de separar o PT e a Ana Júlia. Acho que o PT, hoje, é um partido amadurecido - quem ainda precisa amadurecer um bocado é a Ana Júlia. No segundo turno da eleição de Belém, o PT veio comigo; quem não veio foi a Ana Júlia. Aliás, repito: não me ressinto da presença dela nas nossas caminhadas, no nosso palanque. O que me ressinto é do apoio é que ela deu ao nosso adversário. E aí, o nome disso, não sei qual é.Mas vocês tinham dinheiro para trabalhar, na Sespa, ou o PT segurou a chave do cofre, como se diz por aí?Priante: Não posso te afirmar isso, porque não vivi o dia a dia da secretaria. Agora, a experiência que se tem tido de um modo geral - não só com a Sespa, mas, com todos os espaços que o PMDB está ocupando - é exatamente isso que você está afirmando que dizem. Haja vista a Secretaria de Obras: no mês passado, o Chicão (Francisco Mello Filho, secretário estadual de Obras) ficou numa ansiedade terrível porque não tinha dinheiro para pagar a conta da energia elétrica da secretaria. É uma secretaria que o pobre do Chicão vai terminar a sua administração, se ele continuar mais algum tempo lá, sem inaugurar uma obra!... Quer dizer, foi uma temporada sem obras, uma secretaria sem obras – deveria até mudar o nome da secretaria!... Então, essa tem sido a prática do governo da Ana Júlia aos espaços do PMDB. É o que eu tenho colocado dentro do partido, e até de maneira pública: ora, para viver essa relação, então é melhor que o PMDB saia do governo, discuta o seu destino, reconstrua um novo projeto e enfrente o processo eleitoral do ano que vem.“’A Ana Júlia já está chegando ao final do seu terceiro ano e, como diria o Hélio Gueiros, não tem uma ‘batida de cumeeira’ no seu governo”.Com candidatura própria ou apoiando quem?Priante: Com candidatura própria!...E, nesse caso, seria o senhor o candidato?Priante: Não, o Jader está bem nas pesquisas. O PMDB tem candidato! Falam no meu nome, eu falo no nome do Jader, podemos falar de outros nomes... Quer dizer: não há problema nenhum da nossa parte em relação a isso. Acho que esse seria o melhor caminho.Mas vocês teriam condições de uma chapa pura ou teriam de compor?Priante: Não, é claro que... Eu, por exemplo, tenho conversado bastante com os partidos, na tentativa de construção de uma frente que possa apresentar um projeto alternativo para o estado. Tenho conversado muito com o deputado Vic, que é presidente de um grande partido; com o Zenaldo, que é o pretenso presidente do PSDB; tenho conversado com outros partidos... Então, acho que é possível a construção de um novo projeto para o Pará.A tendência, então, é não haver, em 2010, esse acordo do PMDB com o PT? A tendência é o PMDB marchar com outro partido?Priante: Olha, se depender da minha vontade, se depender do que eu penso no que diz respeito ao Governo Ana Júlia; e se depender, fundamentalmente, do bom exemplo que temos, que é o exemplo da minha candidatura aqui em Belém, acho que, por si só, somado ao governo com todos esses aspectos que já ressaltei – um governo completamente impopular, sem realizações, sem cara – acho que o PMDB deve, se depender de mim, tomar outro caminho. É claro que sou uma voz dentro do PMDB, tá? E é isso que eu tenho defendido.Mas o PMDB abre mão, numa eventual composição, ou ele tem de ser cabeça de chapa?Priante: Não existe nada definido. Acho que o importante, o que pode nos unir a outras agremiações partidárias são os nossos pontos de vista. Então, se temos a mesma opinião em relação ao governo da Ana Júlia, temos um ponto de convergência que podemos daí desdobrar qualquer desenho na relação dos partidos.É verdade que o PMDB tem conversado com os tucanos?Priante: O PMDB tem conversado, claro. Até porque isso é coisa natural na agenda política, no cotidiano de todos nós. Mas o fundamental nisso tudo é a perspectiva da construção de um novo projeto para o estado. Se eu faço essa leitura do governo da Ana Júlia é claro que me somo a todos os que pensam parecido.
Vocês têm conversado sobre a possibilidade de apoiar o Jatene ou o Mário Couto ao governo?Priante: Pois é, primeiro temos de saber quem é: se é o Jatene ou o Mário Couto, né?
Mas o senhor tem preferência?Priante: Não posso ter preferência no partido dos outros.Mas o fechamento dessa aliança com os tucanos, no Pará, também depende da questão nacional, não é? Ou seja, da definição do PMDB nacional, se vai ou não ficar com o candidato do Lula, não é?Priante: Acho que o PMDB não tem esse problema, até porque o PMDB, hoje, já tem, nos estados, a sua própria acomodação. Se você for ver o Rio Grande do Sul, o Paraná, Santa Catarina, São Paulo, o PMDB está para um lado e o PT pro outro.É um casamento que não dá certo na maioria dos estados?Priante: Não sei se na maioria, mas eu diria que, em pelo menos metade dos estados, é o PMDB para um lado e o PT pro outro. Por conta, inclusive, de disputas, candidaturas postas; em outras, o PMDB está associado a outros partidos, a outros projetos localizados. Sem descartar a decisão nacional, no que diz respeito a uma candidatura majoritária, a nível nacional.Agora, se o PMDB, aqui no Pará, fechar que vai apoiar a Ana Júlia novamente, o senhor apóia?Priante: Não!... Não apóio a Ana Júlia porque não acredito no governo da Ana Júlia. Vou defender, dentro do PMDB, a construção de um novo projeto. E tenho certeza que o PMDB seguirá outro caminho. Hoje, tenho essa convicção.Mas e se o deputado Jader Barbalho disser: “vamos marchar com os petistas novamente”. E aí?Priante: O deputado Jader Barbalho não vai falar assim. Ele vai fazer uma auscultação ao partido e aí, se essa hipótese for a derradeira, for a majoritária do partido, a decisão final, eu me reservo a administrar a minha candidatura.Mas apoiar a Ana Júlia nunca mais?Priante: Não. A Ana Júlia, infelizmente... Talvez até se o PT substituísse a Ana Júlia, acho que seria um bom caminho.Mas há essa possibilidade?Priante: Torço que possa haver. Seria mais uma alternativa a se colocar na mesa.Substituir pelo Paulo Rocha?Priante: Não sei!...Aí é decisão do PT, tá certo? Acho que a Ana Júlia não tem dado conta da dimensão que é governar um estado com as contradições que o Pará tem.Bem, o senhor diz que não faria campanha para a Ana Júlia. Mas, iria fazer campanha contra, por acaso? Iria subir no palanque do adversário?Priante: Isso é outra história!... (risos) Eu estou dizendo que vou cuidar da minha eleição...“Alguns familiares da governadora começaram a ter um interesse exacerbado nas ações de saúde pública do estado. E começaram a fazer pressões de toda ordem...”Mas, qual é o seu tamanho dentro do PMDB, frente ao seu parente Jader Barbalho?Priante: Eu sou pequenininho dentro do PMDB!...Eu sou um soldado!... (risos). Eu sou um político sem mandato; não tenho grandes dimensões, nem tenho essa pretensão.O senhor é jaderista?Priante: Desde que eu nasci!... (risos) Quem não é jaderista é a Ana Júlia, né? (risos) E muito menos a DS.Mas o que é que o senhor acha que faltou – tato, experiência... O que é que o senhor acha que faltou na Ana Júlia, nestes três anos de governo?Priante: Faltou experiência, maturidade política...Pragmatismo?Priante: Pragmatismo, capacidade de gestão... Acho que se estabeleceu uma fase de muito fuxico e pouca ação; muito amadorismo e pouco profissionalismo, lamentavelmente.O senhor acha que mais quatro anos de Ana Júlia podem significar o caos no estado do Pará?Priante: Não sei se o Pará agüenta isso...O senhor acha que quebra o estado?Priante: Acho que acaba de quebrar.Já está quebrado?Priante: Já está quebrado. O estado está com dificuldades profundas. Isso é uma realidade que os paraenses como um todo ainda não tomaram ciência, mas, que não conseguirá ser escondida por muito tempo.O senhor acha que o PT está afundando o estado do Pará?Priante: Não é o PT. Até porque relação da Ana Júlia é tão complicada que o primeiro momento da complicação é com o próprio PT. O que eu mais ouço de lideranças importantes do PT são reclamações, no que diz respeito à relação da Ana Júlia com o PT.Ela não se entende nem com o PT?Priante: Ela não tem conseguido se entender nem com o PT.Então, é a DS que está afundando o estado do Pará?Priante: É a equipe da Ana Júlia; o famoso núcleo duro do miolo mole, né?Mas estão afundando o estado do Pará?Priante: Eu tenho certeza disso. Hoje o governo caminha com muita dificuldade; temos informações, no que diz respeito às finanças do estado, que elas não estão sadias.O que significa não estarem sadias?Priante: A arrecadação não vai bem; houve um acréscimo muito grande no custeio da máquina e o Estado perdeu capacidade de investimento. Infelizmente, não sei se eles conseguem, face todos esses desmandos no que diz respeito ao planejamento, à economia geral do estado, não sei se eles conseguem consertar. Acho muito difícil.O senhor acha que pode chegar a haver atraso de pagamento de fornecedores e do funcionalismo, em função dessas dificuldades?Priante: Torço que não, mas receio que isso possa acontecer.E quanto ao Duciomar: o senhor acha que os alertas que o senhor fez na campanha, eles, infelizmente, se realizaram?Priante: Pois é, falei muito da administração do Duciomar. Foi uma campanha eleitoral, fui contundente, grifei de maneira incisiva todas as denúncias, especialmente na área da saúde; o abuso do poder econômico que se perpetrou naquele momento. Denunciamos tudo isso e hoje, como a mentira tem pernas curtas, as coisas acabam se revelando. Lamentavelmente, não tem mais jeito, a eleição. Mas eu tenho uma gratidão enorme à sociedade de Belém por ter conseguido chegar ao segundo turno e ter conseguido 41% do eleitorado da capital. Isso para mim foi uma vitória extraordinária. E acho que perder uma eleição não implica, necessariamente, derrota.O senhor pretende, mais lá na frente, tentar novamente a Prefeitura de Belém?Priante: Não sei; o que vai dizer isso são as circunstâncias. Mas, enquanto eu tiver disposição, acho que agenda política, agora, é estadual. E, se o PMDB precisar, serei candidato a governador.O senhor não acha que o que lhe prejudicou muito, nas últimas campanhas, ao Governo e à Prefeitura, foi o seu estilo muito incisivo?Priante: Acho que isso é uma questão de estilo. Considero que a minha “incisividade” tem um conteúdo de indignação muito forte. Por exemplo: ao tempo em que eu era incisivo, o Duciomar era dissimulado – e ganhou a dissimulação. E eu lhe confesso que ainda não aprendi a ser tão artista, ao ponto de disputar dissimulação com o Duciomar. Quer dizer, se depender de mentir, dissimular, acho que não vou ganhar nunca (risos). No que diz respeito ao Almir Gabriel, ali foi outro momento. Fiz uma opção política naquela hora. Disse: ora, se o Almir Gabriel está na frente, eu tenho de polarizar com ele. E, por conta daquele debate, os tucanos me acusam de ter derrotado o Almir; ter mostrado ao Pará algo que o PSDB tentou esconder. Mas, ao mesmo tempo em que o PSDB me acusa disso, a Ana Júlia não reconhece que eu a ajudei a ganhar!... (risos) Então, olha só a situação que eu fiquei!...“No mês passado, o Chicão ficou numa ansiedade danada porque não tinha dinheiro nem para pagar a conta de luz da Seop. Isso tem acontecido em todos os espaços do PMDB no Governo do Estado”.Analisando o quadro político, qual seria a tendência, no ano que vem: PMDB e PSDB juntos?Priante: No PSDB há, hoje, uma disputa interna entre o ex-governador Simão Jatene e o senador Mário Couto, para ver quem será o candidato a governador. Então, não acredito que se uma delas se retirar, a outra candidatura também se retire. Quer dizer, acho que o PSDB vai ter a sua candidatura ao Governo. E o PMDB também: o PMDB está dependendo muito de uma decisão pessoal do presidente Jader Barbalho, se sai candidato a governador, se vem candidato a senador – são as duas opções que ele coloca que poderá trilhar. Isso está dependendo muito dele porque, verdadeiramente, hoje o Jader lidera todas as pesquisas de intenções de votos no Pará. Então, estamos dependendo muito disso.Mas, mesmo que ele não saia, o senhor deve sair ao Governo, até pela necessidade de fazer bancada na Assembléia Legislativa, não é?Priante: Se eu for candidato a governador não é para fazer bancada: é para ganhar a eleição.O que é que o PMDB ainda tem no Governo do Estado?Priante: Alguns empregos.Blog do Vic: Entregou praticamente tudo?Priante: É. E essa é uma situação muito complicada.Vocês imaginavam que ia ser assim tão difícil essa convivência com a Ana Júlia?Priante: Eu imaginei que não.Mas vocês não conheciam a DS?Priante: Eu não conhecia nem o Puty!... (risos) Como é que eu podia imaginar que a DS iria nos surpreender com tantas figuras proeminentes, que estavam escondidas no processo eleitoral? Então, é difícil, porque essa relação com partidos não pode ser generalizada porque, na verdade, são partidos, mas são seres humanos, também.Como é que é sobreviver sem um mandato?Priante: (risos) Ah, é a dor e a delícia de fazer... É um exercício interessante!... Acho que aprendi que se pode fazer a boa política mesmo sem ter um mandato.E, depois de 18 anos de mandatos consecutivos, qual é a dor e qual é a delícia dessa sobrevivência sem mandato?Priante: (risos) Pois é, eu freqüento muito A Perereca da Vizinha... (risos). Agora, foi feito o blog do Vic e eu me sinto lisonjeado em inaugurar essa nova página. Para mim, foi uma surpresa muito agradável ter sido convidado por ele para participar dessa entrevista. Enfim, acho que o exercício da política não implica, necessariamente, mandato. Então, isso para mim tem sido uma experiência muito interessante.
Vocês têm conversado sobre a possibilidade de apoiar o Jatene ou o Mário Couto ao governo?Priante: Pois é, primeiro temos de saber quem é: se é o Jatene ou o Mário Couto, né?
Mas o senhor tem preferência?Priante: Não posso ter preferência no partido dos outros.Mas o fechamento dessa aliança com os tucanos, no Pará, também depende da questão nacional, não é? Ou seja, da definição do PMDB nacional, se vai ou não ficar com o candidato do Lula, não é?Priante: Acho que o PMDB não tem esse problema, até porque o PMDB, hoje, já tem, nos estados, a sua própria acomodação. Se você for ver o Rio Grande do Sul, o Paraná, Santa Catarina, São Paulo, o PMDB está para um lado e o PT pro outro.É um casamento que não dá certo na maioria dos estados?Priante: Não sei se na maioria, mas eu diria que, em pelo menos metade dos estados, é o PMDB para um lado e o PT pro outro. Por conta, inclusive, de disputas, candidaturas postas; em outras, o PMDB está associado a outros partidos, a outros projetos localizados. Sem descartar a decisão nacional, no que diz respeito a uma candidatura majoritária, a nível nacional.Agora, se o PMDB, aqui no Pará, fechar que vai apoiar a Ana Júlia novamente, o senhor apóia?Priante: Não!... Não apóio a Ana Júlia porque não acredito no governo da Ana Júlia. Vou defender, dentro do PMDB, a construção de um novo projeto. E tenho certeza que o PMDB seguirá outro caminho. Hoje, tenho essa convicção.Mas e se o deputado Jader Barbalho disser: “vamos marchar com os petistas novamente”. E aí?Priante: O deputado Jader Barbalho não vai falar assim. Ele vai fazer uma auscultação ao partido e aí, se essa hipótese for a derradeira, for a majoritária do partido, a decisão final, eu me reservo a administrar a minha candidatura.Mas apoiar a Ana Júlia nunca mais?Priante: Não. A Ana Júlia, infelizmente... Talvez até se o PT substituísse a Ana Júlia, acho que seria um bom caminho.Mas há essa possibilidade?Priante: Torço que possa haver. Seria mais uma alternativa a se colocar na mesa.Substituir pelo Paulo Rocha?Priante: Não sei!...Aí é decisão do PT, tá certo? Acho que a Ana Júlia não tem dado conta da dimensão que é governar um estado com as contradições que o Pará tem.Bem, o senhor diz que não faria campanha para a Ana Júlia. Mas, iria fazer campanha contra, por acaso? Iria subir no palanque do adversário?Priante: Isso é outra história!... (risos) Eu estou dizendo que vou cuidar da minha eleição...“Alguns familiares da governadora começaram a ter um interesse exacerbado nas ações de saúde pública do estado. E começaram a fazer pressões de toda ordem...”Mas, qual é o seu tamanho dentro do PMDB, frente ao seu parente Jader Barbalho?Priante: Eu sou pequenininho dentro do PMDB!...Eu sou um soldado!... (risos). Eu sou um político sem mandato; não tenho grandes dimensões, nem tenho essa pretensão.O senhor é jaderista?Priante: Desde que eu nasci!... (risos) Quem não é jaderista é a Ana Júlia, né? (risos) E muito menos a DS.Mas o que é que o senhor acha que faltou – tato, experiência... O que é que o senhor acha que faltou na Ana Júlia, nestes três anos de governo?Priante: Faltou experiência, maturidade política...Pragmatismo?Priante: Pragmatismo, capacidade de gestão... Acho que se estabeleceu uma fase de muito fuxico e pouca ação; muito amadorismo e pouco profissionalismo, lamentavelmente.O senhor acha que mais quatro anos de Ana Júlia podem significar o caos no estado do Pará?Priante: Não sei se o Pará agüenta isso...O senhor acha que quebra o estado?Priante: Acho que acaba de quebrar.Já está quebrado?Priante: Já está quebrado. O estado está com dificuldades profundas. Isso é uma realidade que os paraenses como um todo ainda não tomaram ciência, mas, que não conseguirá ser escondida por muito tempo.O senhor acha que o PT está afundando o estado do Pará?Priante: Não é o PT. Até porque relação da Ana Júlia é tão complicada que o primeiro momento da complicação é com o próprio PT. O que eu mais ouço de lideranças importantes do PT são reclamações, no que diz respeito à relação da Ana Júlia com o PT.Ela não se entende nem com o PT?Priante: Ela não tem conseguido se entender nem com o PT.Então, é a DS que está afundando o estado do Pará?Priante: É a equipe da Ana Júlia; o famoso núcleo duro do miolo mole, né?Mas estão afundando o estado do Pará?Priante: Eu tenho certeza disso. Hoje o governo caminha com muita dificuldade; temos informações, no que diz respeito às finanças do estado, que elas não estão sadias.O que significa não estarem sadias?Priante: A arrecadação não vai bem; houve um acréscimo muito grande no custeio da máquina e o Estado perdeu capacidade de investimento. Infelizmente, não sei se eles conseguem, face todos esses desmandos no que diz respeito ao planejamento, à economia geral do estado, não sei se eles conseguem consertar. Acho muito difícil.O senhor acha que pode chegar a haver atraso de pagamento de fornecedores e do funcionalismo, em função dessas dificuldades?Priante: Torço que não, mas receio que isso possa acontecer.E quanto ao Duciomar: o senhor acha que os alertas que o senhor fez na campanha, eles, infelizmente, se realizaram?Priante: Pois é, falei muito da administração do Duciomar. Foi uma campanha eleitoral, fui contundente, grifei de maneira incisiva todas as denúncias, especialmente na área da saúde; o abuso do poder econômico que se perpetrou naquele momento. Denunciamos tudo isso e hoje, como a mentira tem pernas curtas, as coisas acabam se revelando. Lamentavelmente, não tem mais jeito, a eleição. Mas eu tenho uma gratidão enorme à sociedade de Belém por ter conseguido chegar ao segundo turno e ter conseguido 41% do eleitorado da capital. Isso para mim foi uma vitória extraordinária. E acho que perder uma eleição não implica, necessariamente, derrota.O senhor pretende, mais lá na frente, tentar novamente a Prefeitura de Belém?Priante: Não sei; o que vai dizer isso são as circunstâncias. Mas, enquanto eu tiver disposição, acho que agenda política, agora, é estadual. E, se o PMDB precisar, serei candidato a governador.O senhor não acha que o que lhe prejudicou muito, nas últimas campanhas, ao Governo e à Prefeitura, foi o seu estilo muito incisivo?Priante: Acho que isso é uma questão de estilo. Considero que a minha “incisividade” tem um conteúdo de indignação muito forte. Por exemplo: ao tempo em que eu era incisivo, o Duciomar era dissimulado – e ganhou a dissimulação. E eu lhe confesso que ainda não aprendi a ser tão artista, ao ponto de disputar dissimulação com o Duciomar. Quer dizer, se depender de mentir, dissimular, acho que não vou ganhar nunca (risos). No que diz respeito ao Almir Gabriel, ali foi outro momento. Fiz uma opção política naquela hora. Disse: ora, se o Almir Gabriel está na frente, eu tenho de polarizar com ele. E, por conta daquele debate, os tucanos me acusam de ter derrotado o Almir; ter mostrado ao Pará algo que o PSDB tentou esconder. Mas, ao mesmo tempo em que o PSDB me acusa disso, a Ana Júlia não reconhece que eu a ajudei a ganhar!... (risos) Então, olha só a situação que eu fiquei!...“No mês passado, o Chicão ficou numa ansiedade danada porque não tinha dinheiro nem para pagar a conta de luz da Seop. Isso tem acontecido em todos os espaços do PMDB no Governo do Estado”.Analisando o quadro político, qual seria a tendência, no ano que vem: PMDB e PSDB juntos?Priante: No PSDB há, hoje, uma disputa interna entre o ex-governador Simão Jatene e o senador Mário Couto, para ver quem será o candidato a governador. Então, não acredito que se uma delas se retirar, a outra candidatura também se retire. Quer dizer, acho que o PSDB vai ter a sua candidatura ao Governo. E o PMDB também: o PMDB está dependendo muito de uma decisão pessoal do presidente Jader Barbalho, se sai candidato a governador, se vem candidato a senador – são as duas opções que ele coloca que poderá trilhar. Isso está dependendo muito dele porque, verdadeiramente, hoje o Jader lidera todas as pesquisas de intenções de votos no Pará. Então, estamos dependendo muito disso.Mas, mesmo que ele não saia, o senhor deve sair ao Governo, até pela necessidade de fazer bancada na Assembléia Legislativa, não é?Priante: Se eu for candidato a governador não é para fazer bancada: é para ganhar a eleição.O que é que o PMDB ainda tem no Governo do Estado?Priante: Alguns empregos.Blog do Vic: Entregou praticamente tudo?Priante: É. E essa é uma situação muito complicada.Vocês imaginavam que ia ser assim tão difícil essa convivência com a Ana Júlia?Priante: Eu imaginei que não.Mas vocês não conheciam a DS?Priante: Eu não conhecia nem o Puty!... (risos) Como é que eu podia imaginar que a DS iria nos surpreender com tantas figuras proeminentes, que estavam escondidas no processo eleitoral? Então, é difícil, porque essa relação com partidos não pode ser generalizada porque, na verdade, são partidos, mas são seres humanos, também.Como é que é sobreviver sem um mandato?Priante: (risos) Ah, é a dor e a delícia de fazer... É um exercício interessante!... Acho que aprendi que se pode fazer a boa política mesmo sem ter um mandato.E, depois de 18 anos de mandatos consecutivos, qual é a dor e qual é a delícia dessa sobrevivência sem mandato?Priante: (risos) Pois é, eu freqüento muito A Perereca da Vizinha... (risos). Agora, foi feito o blog do Vic e eu me sinto lisonjeado em inaugurar essa nova página. Para mim, foi uma surpresa muito agradável ter sido convidado por ele para participar dessa entrevista. Enfim, acho que o exercício da política não implica, necessariamente, mandato. Então, isso para mim tem sido uma experiência muito interessante.
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