domingo, 29 de novembro de 2009

PT e PMDB: aliados de 2006 rediscutem a relação , vergonha para aqueles que foram traido pela Governadora












Enquanto em Brasília, o clima entre o governo petista de Luiz Inácio Lula da Silva e o PMDB paraense de Jader Barbalho é de eterna lua de mel, no Pará, o tom é de quase divórcio. Maior partido da base aliada e considerado fundamental para a eleição de Ana Júlia Carepa, o PMDB não esconde mais as insatisfações com o governo e a grande pergunta que muita gente tem feito é se o casamento entre PT e PMDB - celebrado nas eleições de 2006 - resistirá às eleições do ano que vem. Mantendo o estilo de evitar queixas públicas, o presidente do PMDB do Pará, deputado federal Jader Barbalho, não quis falar sobre o assunto. Herdeiro político de Jader, Helder Barbalho, contudo, classifica as relações hoje com o governo do Pará de “frias e distantes”. E a responsabilidade, segundo ele, seria do governo. “Quem está no governo é que deve pautar o relacionamento e, apesar de a governadora ter sido eleita graças ao apoio do PMDB, quem deve definir relações - se mais próximas ou mais distantes- é ela”.O prefeito de Ananindeua destaca o bom relacionamento com o governo federal e diz que se depender dos peemedebistas paraenses, a aliança para a eleição de Dilma Rousseff está garantida. “Isso para nós está muito claro. O partido tem sete ministérios, fortes, prestigiados. Seria uma incoerência muito grande não acompanhar (a candidatura de Dilma)”. No plano estadual, contudo, o cenário ainda é bastante nebuloso. Helder diz que a insatisfação não é resultado apenas do tratamento dispensado pelo governo ao PMDB. “O partido não pode ficar se lamentando do tratamento que recebe. Tem que lamentar, acima de tudo, a qualidade das políticas públicas ofertadas”, afirma, explicando que o partido não descarta renovar a aliança, mas pensa, sim, em uma candidatura própria. “Nós temos duas alternativas: ou o PMDB terá candidato próprio, para imprimir melhor o projeto que temos para a sociedade paraense, ou podemos aderir àqueles que se afinem ao que pensamos para o Pará. Naturalmente que se o PT repactuar a maneira de administrar o Estado, poderemos debater essa relação, mas hoje, sem dúvida, o sentimento no partido é de ter candidato próprio”. Helder defende que a legenda tome uma posição até dezembro deste ano.Em Brasília, o presidente Lula e a direção nacional do PT também têm pressa. Tanto que chamaram a governadora Ana Júlia Carepa para uma conversa no início desta semana. A expectativa é que, a partir daí, comece a ser costurada a nova aliança avalizada pelo próprio presidente, visto que a maior queixa dos peemedebistas é de que o governo estadual não cumpre acordos fechados com os aliados. >> Parsifal: “Aliança nem existe mais”Para o deputado Martinho Carmona, o clima hoje entre governo e aliados é de desconfiança. “Para consolidar uma nova aliança é preciso mudar essa relação. O PMDB aceita o ônus de ser governo, mas quer também o bônus. Hoje estamos só com o ônus”, diz o deputado, para quem o maior erro do governo está no modelo de distribuição dos cargos, com petistas “infiltrados” nas secretarias que deveriam ficar sob o comando peemedebista. “O que a governadora teria que fazer é entregar o espaço e cobrar os resultados”. Líder do PMDB na Assembleia Legislativa do Pará, o deputado Parsifal Pontes é ainda mais enfático nas críticas à aliança que, para ele, “nem existe mais”. Pontes é defensor da candidatura própria. “O PMDB tem musculatura suficiente para concorrer ao governo. Temos estrutura partidária, 40 prefeituras, a maioria dos vereadores e já aprendemos nestes três anos de governo que o PT não sabe dividir espaço”, diz, afirmando que “100% do PMDB quer candidato próprio ao governo”.O deputado admite, contudo, que as conversas em Brasília podem ter influência sobre o cenário estadual. “Não posso negar que, pelo grau de relação do presidente Lula com o deputado Jader, uma conversa entre eles possa ter efeito”. Desde a semana passada, a governadora começou a chamar deputados aliados para conversas individuais. O motivo é a pressa para aprovação de uma autorização de empréstimo no valor de R$ 366 milhões junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).Os encontros serão uma boa oportunidade para testar a articulação política do governo e também medir o grau de insatisfação dos aliados, em especial os do PMDB. O caminho será árduo. Assim que o anúncio dos encontros foi feito no plenário da Assembleia, o deputado Martinho Carmona reagiu. “É até humilhante para nós reunir de novo para falar de algo que já foi pactuado e acordado”, disse. Ele referia-se ao fato de que nessas conversas a governadora tem prometido a liberação de emendas parlamentares, algumas do ano passado, e reiteradamente adiadas. Parsifal Pontes já anunciou que não irá aos encontros. “Em três anos, esta é a segunda vez que a governadora chama os aliados. Está fazendo isso agora porque precisa urgentemente. Não é esse tipo de relação que queremos. O governo não é obrigado a atender a tudo que a classe política pede, mas é obrigado a ouvir. Não somos mercenários que trocam votos por alguma coisa. Queremos espaço”.>> Puty diz que governo quer reeditar pactoConsiderado um dos principais articuladores políticos do governo, o chefe da Casa Civil, Cláudio Puty, garante que o governo “tem muito interesse” em reeditar a aliança. “Acreditamos que é fundamental para a reeleição da governadora Ana Júlia Carepa”, avalia.Sobre as queixas do aliado, Puty diz que elas fazem “parte do processo de negociação política”. Uma das reclamações do PMDB é o esvaziamento das secretarias que ficaram sob o comando da legenda. Na Secretaria de Obras, por exemplo, o orçamento seria menor que de mais da metade das secretarias de obras das prefeituras paraenses. Puty nega que a queda de repasse seja fruto de uma estratégia para estrangular a administração do PMDB. Segundo ele, a crise financeira atingiu todas as secretarias indistintamente e não se trata de retaliação. “Se formos ver a execução orçamentária, veremos que todos tiveram problemas. Este foi um ano difícil, mas acredito que tudo se resolva com conversa”. Puty admite que, em alguns momentos, acordos como a liberação de emendas não foram cumpridos, mas justifica que esse problema também seria fruto da crise financeira. “Tivemos uma mudança de cenário e isso agora é parte do passado”. O chefe da Casa Civil nega que falte espaço político para o maior aliado. “O PMDB controla 80% das obras do PAC no Pará, mas estamos dispostos a permitir que haja maior participação na definição política. Isso é importante para nós também porque gera co-responsabilidade”.>> Padilha quer fim de arestas até junhoEscalado para ajudar na conciliação entre PT e PMDB no Pará, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, diz que está empenhado pessoalmente na reconstrução da aliança - e, desta vez, desde o primeiro turno. Médico infectologista, 38 anos, Padilha tem a vantagem de ter fortes ligações com o Pará. Durante quatro anos, morou em Santarém e conhece bem a realidade do Estado e os seus meandros políticos. “Estou muito empenhado na construção dessa aliança e convencido de que o diálogo que estamos tendo vai chegar a um bom termo”, diz o ministro. Otimista, afirma acreditar que, até as convenções partidárias, que ocorrem em junho do ano que vem, as arestas entre as duas legendas no Pará já terão sido aparadas.Apesar do empenho para juntar os dois num mesmo palanque, o ministro admite a possibilidade de o PMDB lançar candidato próprio, e nesse caso, diz ele, o esforço seria para que ambos trabalhem pela eleição de Dilma Rousseff com igual empenho. Indagado se dois candidatos, apoiados pelo presidente Lula, não causariam confusões, Padilha afirma que “o eleitor sabe fazer suas escolhas no plano nacional e local”.Recém-eleito presidente do Diretório Estadual do PT no Pará, João Batista Silva é outro entusiasta da aliança. “Nestes 30 anos de PT, nós compreendemos que não se ganha eleição só, nem se governa só”. Segundo ele, os problemas ocorreram porque o governo “demorou a assimilar a aliança” e sugere que as questões sejam resolvidas com muito diálogo e sempre o mais rápido possível. A chapa dos sonhos do PT é ter Ana Júlia Carepa concorrendo ao governo, Paulo Rocha e Jader Barbalho ao Senado e um vice saído do bloco PTB/PR do prefeito Duciomar Costa e do vice dele, Anivaldo Vale.

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