Amadeu Araújo Lima obrigado por tudo....
Escrevo neste momento com uma angustia que me percorre a alma, com o coração sangrando, porém com a consciência tranqüila. A morte é apena um ritual de passagem já diria meu amigo Evandro Carreira. Se eu pudesse classificar como me sinto neste instante, diria que hoje estou triste, mas como classificar a tristeza se a Tristeza é o desespero do irreversível. Irreversível é a morte. Meu avô, meu querido avô está à beira da morte. Poderia classificar o álcool como o principal problema, porém seria injusta a classificação para um homem que viveu tudo de bom que a vida poderia oferecer, teve filhos que nunca causaram problemas, teve netos que o amam. Diria que meu avô está morrendo de “Overdose” de amor. Como dizia Carlos Drummond de Andrade, que morreu logo depois que sua querida filha se foi “Não morremos de morte morrida, mas de vida vivida”. Talvez minha Tia Alcira que se foi na noite do dia 25 de Novembro2007 já esteja pegando em sua mão neste momento e lhe conduzindo para céu. Meu avô abusou demais dos prazeres e viveu intensamente suas emoções. “Prefiro viver intensamente por menos tempo, do que viver mais e não poder fazer as coisas que mais gosto nessa vida”, ele me disse isso quando perdeu os movimentos da perna. Não é meu avô que está morrendo é a vida que está o levando embora. Ele amou os filhos sem medidas porque era ávido de amor. Aprendi com ele a dividir e doar. Foi Sincero até demais, dono de um coração sem limite.
A morte é o curso natural da vida, mas quem disse que é fácil aceitar? A tristeza da perda do meu querido avô não se resume ao passado, mas sim a dor da tristeza pelo futuro que não se terá. Minha filha não o conheceu isso me causa profunda tristeza. Ele nunca mais vai estar no porto me esperando como fez tantas vezes nas minhas idas a Juruti, e todas as vezes que eu tinha que voltar ele desaparecia para não ter que se despedir. A última vez que me despedi dele, as lagrimas caíram de seu rosto, perdi a oportunidade de dizer te amo e obrigado por tudo. Meu avô gostava dos encontros, mas não gostava das despedidas.
Diria que perder alguém querido é perder-se, porque somos feitos dos outros que nos rodeiam. Pai e mãe é parte de nós. Foi-se um pedaço do peito. Foi-se uma parte de nós, da nossa família. Saudade e tristeza profunda misturadas a uma alegria tão grande de tê-lo no passado. De te - lo tido como meu pai. É difícil escrever neste momento, os sentimentos ficam confusos nesta hora. Ele se foi, e está doendo. Saber que nunca mais vou abraçá-lo, nunca mais vou-ter o prazer de reve-lo, isso me faz sofrer. Saudade para o resto da vida.
Nunca mais vou ouvir sua voz carinhosa me chamar. Não vou mais escutar a sua risada sonora de alegria. Respeito ao próximo, a natureza, ser honesto, e todos aqueles valores morais que hoje eu procuro passar para minha filha eu devo a ele. O sentimento agora é só saudade e tristeza, misto de um que de orfandade. Tristeza é um silencio que grita dentro de mim neste instante. Lágrimas incontroláveis é um protesto que a situação seria melhor se fosse outra. Nunca mais dói demais.
Perder uma pessoa querida não tem consolo. A distancia nestas circunstancias é cruel. Aquele telefonema que eu não encontrei o tempo para dizer mais uma vez o quanto eu o amava. Entristeço-me pensando o quanto a gente adia pequenas coisas que são realmente importantes da vida, na ilusão de que o tempo “vai dar” para fazer tudo. Não deu para dizer adeus... E esta doendo, muito.
Alex Mendes
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